Data: 01/04/2013
REVDA. DILCE PAIVA DE OLIVEIRA
PARÓQUIA DO DIVINO SEMEADOR
Neste Domingo, celebramos a festa da Ressurreição do Senhor. A Festa que também é denominada Páscoa, representa para os cristãos, a Ressurreição de Cristo. Nos últimos tempos tenho enfatizado muito mais a palavra “Ressurreição” do que “Páscoa”. Embora saibamos que a Páscoa é a passagem da morte para a vida, da morte para o pecado e a ressurreição para uma vida nova em Deus, ao longo dos anos a palavra Páscoa está muito desgastada, a ponto de, algumas pessoas não saberem explicar o que se celebra neste dia. E se confunde a Festa da Ressurreição com a Festa do coelhinho, ou uma corrida desesperada pela compra de chocolates.
A Páscoa é a principal festa para os cristãos. A fé cristã está baseada na Ressurreição. A Páscoa celebrada pelos judeus tem um outro sentido: celebra a passagem da escravidão e o retorno para a terra prometida por Deus. Mas, antes da Ressurreição temos o tempo da Quaresma, o tempo da preparação para a Ressurreição. Sim, nós precisamos nos preparar para a Ressurreição. Precisamos refletir sobre as nossas vidas, na relação com Deus, a partir da relação de Cristo conosco e com Deus. A Quaresma, e particularmente a Sexta-feira Santa, nos lembram do amor e da doação de Deus, através da morte e sacrifício de Cristo por nós. Mas, infelizmente as pessoas já não vivem a Quaresma ou a Semana Santa como se vivia há algum tempo atrás, quando não se faziam festas, ou não se escutava música, se praticava o jejum, a oração, a abstinência, práticas que aos poucos foram sendo renegadas, esquecidas e das quais, em sua grande parte, sequer se ouve falar.
A experiência tem me mostrado, através dos tempos, que quanto mais profundamente vivermos a Quaresma, com mais alegria celebraremos a ressurreição. Tenho procurado observar a oração e a abstinência de algo que eu realmente goste muito, e tenho feito isto por mais de dez anos. A experiência de resistir a tentação de algo que nos parece essencial é muito gratificante. Eu escolho um alimento que eu gosto muito, e ao longo dos quarenta dias da Quaresma eu não consumo este alimento. Preparo-o para outras pessoas, sirvo, freqüento lugares onde ele será servido, recolho os restos, e, confesso, em alguns momentos, quando estamos só eu e ele, o elemento de minha tentação, quando ninguém poderia descobrir o meu pequeno pecado, ainda aí eu resisto. Penso que se eu não for fiel a mim mesma não serei digna do perdão de Deus, e deste modo, quando chega o Dia da Ressurreição, eu celebro plenamente esta Festa. Pronto alcancei a libertação, lutei e venci os meus instintos mais íntimos.
A minha primeira percepção de que a vivência da Ressurreição, exige a experiência da cruz foi em 1991, quando estava no Seminário e fazia estágio com uma Reverenda americana. Ela guardava com muita obediência o tempo da Quaresma. Na Sexta-feira Santa fomos para o Culto de Trevas como quem fosse para o sepultamento de uma pessoa muito próxima e querida. Perfeito silêncio, nenhuma palavra desnecessária. Fomos e voltamos assim. Já no Domingo da Ressurreição tudo foi diferente, uma alegria contagiante tomava conta do carro e do ambiente, uma mudança radical de comportamento, de postura. Foi uma experiência que me marcou muito, e me fez perceber que desfrutamos mais da festa, se antes experimentarmos uma profunda ansiedade, angustia, quase tristeza. Na celebração da Ressurreição do Senhor podemos escolher que lugar tomar nesta Festa: podemos ser simples convidados, chegando depois que estiver tudo pronto, sentarmos a mesa e nos regozijarmos com tudo de bem que nos for oferecido; por outro lado podemos ser protagonistas, aquele que prepara, que cuida dos detalhes, que limpa o local, prepara os lugares e compartilha da celebração.